Fenseg estima que 80% dos carros levados pelas quadrilhas especializadas no País, que agem cada vez mais com violência, têm como destino o desmonte ilegal de peças.

No ano passado, 470 mil carros foram roubados e furtados nas ruas e estradas brasileiras, o que representa uma média de 1.287 registros por dia, quase 54 crimes a cada hora ou ainda praticamente um a cada minuto. Segundo o diretor-executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Neival Rodrigues Freitas, apenas a metade desses veículos foi recuperada por seus proprietários. O mais preocupante, contudo, é a quantidade de automóveis destinados aos desmanches irregulares. “Dos veículos não recuperados, estimamos que algo em torno de 80% tenham sido destinados a esse fim”, afirma o executivo.

Neival Freitas diz ainda que pesquisas recentes da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo sinalizam um agravamento do grau de violência nas ações dos ladrões de carros contra os proprietários, com o aumento do número de roubos, crime que tem maior potencial de morte da vítima durante o . Já os casos de furtos, os quais não há o emprego da violência, tem ocorrido em menor escala, ao contrário de anos anteriores.

De acordo com as pesquisas, o latrocínio (assalto seguido de morte) já é a principal causa de óbitos urbanos. “As novas tecnologias dificultaram o furto dos veículos. Então, as quadrilhas preferem, agora, agir no momento em que o motorista está com o veículo ligado”, explica o diretor da Fenseg.
São Paulo

Esse quadro pode ter reflexos diretos no mercado de seguros, como reajustes de preços, muito embora a frota segurada tenha apenas cerca de 16 milhões de unidades, o equivalente a 28% da frota em circulação no País, conforme indica a base de dados do seguro obrigatório de veículos automotores (Dpvat).

O índice de roubos e furtos de veículos vem crescendo mais nas grandes cidades. Em 2013, o quadro mais preocupante foi registrado em São Paulo, onde, segundo a Fenseg, houve incremento de 10% em comparação ao ano anterior. No estado, os números da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo revelam que quase 100 mil carros foram roubo ou furtados, 14% a mais do que um ano antes. O índice de recuperação ficou perto de 39%.

Esse cenário pode provocar um aumento do preço médio do seguro principalmente na capital, dependendo do resultado apurado com o monitoramento do mercado, que é feito constantemente. Outro fator que tende a pressionar os custos é a queda nas vendas de carros novos. Se as seguradoras registrarem crescimento acentuado no número de indenizações, isso acabará sendo repassado aos clientes. Os reajustes se ocorrerem, contudo, não serão uniformes. Isso porque cada companhia leva em conta a experiência de sua carteira de acordo com o perfil de seus clientes. No mercado há, contudo, certo otimismo com a queda de roubo e furtos de veículos que virá da lei do desmonte recém aprovada no Congresso Nacional.
Otimismo

Além disso, a perspectiva é que a frota segurada aumente caso a legislação em vigor mude, permitindo o reparo de carros avariados com peças automotivas usadas, e os órgãos reguladores do sistema segurador privado decidam normatizar um seguro para carros com mais de cinco anos de fabricação. Lideranças do setor acreditam que esse novo mercado será aberto ainda este ano, no qual faz parte também a lei do desmonte, que aguarda sanção presidencial. Confirmado esse cenário, o diretor da Fenseg estima que até 20 milhões de veículos antigos passarão a ter a cobertura do seguro em todo o País.