Ministro da fazenda Guido Mantega diz que provavelmente irá adiar lei que exige AirBags em carros.
A possível mudança na regra para os dois itens de segurança, estabelecida em 2009, é resultado da preocupação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, com o impacto inflacionário que o aumento dos preços dos carros pode provocar.
Segundo Mantega, o reajuste pode variar de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil. Recentemente a Volkswagen calculou esse aumento em R$ 600 a R$ 800. Outro impacto deve vir da alta do IPI, também prevista para janeiro.
Além da Kombi, produzida há 56 anos pela Volkswagen, serão beneficiados os modelos Gol G4, Fiat Mille, Chevrolet Celta, Renault Clio e Ford Ka e Fiesta Rocam. Os dois itens também poderão voltar a ser opcionais em carros já equipados.
Houve intensa campanha do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC pelo adiamento, por temer demissões com o fim da Kombi e do G4. Dirigentes da entidade recorreram até à presidente Dilma Rousseff. A Kombi não tem estrutura para receber airbag. Já para o G4 e os outros modelos mais antigos, o custo para incorporar os itens não compensa financeiramente.
“Possivelmente vamos adiar a entrada em vigor (da obrigatoriedade)”, disse Mantega. Segundo ele, 60% dos veículos já têm airbag e ABS. “Passaria para 100% e provavelmente vamos diferir isso em um ou dois anos. Ainda não fechamos a proposta, vamos fechar na terça-feira.”
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou, em nota, ter sido informada dessa medida, “como decisão”, e disse estar “avaliando o assunto”.
A entidade, segundo apurou o Estado, está dividida. Boa parte dos associados não aprova o adiamento. Um dos motivos é o investimento feito pelas empresas para adaptar seus novos produtos à legislação. Esses veículos, provavelmente mais caros, teriam de competir com os que não vão ter airbag e ABS. “Fica difícil planejar investimentos se uma lei aprovada há vários anos pode ser mudada dessa forma”, disse uma fonte da indústria.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, as linhas da Kombi e do Gol G4 empregam 2 mil funcionários. Levando-se em conta a cadeia produtiva, ele calcula que cerca de 6 mil vagas podem ser fechadas. O mesmo pode ocorrer em outras empresas. Sobre a questão da segurança, Santana ressaltou que o fim da Kombi vai levar o consumidor a optar pelo mercado de usados, já que não há um substituto na mesma faixa de preço. “A tendência, nesse caso, é aumentar a insegurança.”
A Volkswagen informou que “atende plenamente a legislação vigente e seguirá toda e qualquer nova regra a ser aplicada”. Caso haja mudanças na regra, a empresa vai avaliar os novos critérios para decidir se mantém ou não a Kombi. Fabricantes de peças foram informados do fim das encomendas e a Volks está desligando mais de 400 funcionários aposentados como parte de acordo feito há dois anos que levava em conta o fim da produção da Kombi e do G4.